doencas-bexiga-hiperativa-dr-cristiano-gomes-urologista-em-sao-paulo

Bexiga hiperativa é uma síndrome clínica caracterizada pelos sintomas de urgência miccional, com ou sem incontinência urinária associada, geralmente com aumento da freqüência miccional e noctúria. Tais sintomas ocorrem devido à hiperatividade detrusora, que é caracterizada pela presença de contrações involuntárias e indesejadas da bexiga durante a fase de enchimento vesical.

A bexiga hiperativa representa um importante problema médico por ter alta prevalência e produzir problemas médicos variados. Os pacientes portadores do problema apresentam frequentemente incontinência urinária, dificuldade para sair de casa (pela necessidade de ir sempre ao banheiro) e restrição da capacidade de ingerir líquidos. Os sintomas produzem redução importante da qualidade de vida dos pacientes, podendo reduzir ou limitar suas atividades sociais (sair com os amigos, ir ao cinema etc), de trabalho, interação com familiares e até mesmo as relações sexuais. Os portadores da bexiga hiperativa, e de outras causas de incontinência urinária, têm receio de que os outros sintam o cheiro de urina neles ou percebam que têm o problema. Desta forma, o isolamento social é freqüente.

Outros aspectos negativos importantes em relação à bexiga hiperativa são a necessidade de usar fraldas ou absorventes de proteção e a possibilidade de apresentar dermatite pela umidade e pelo contato da região genital com a urina. Também é sabido que os idosos com este problema apresentam risco elevado de queda e fratura de fêmur, o que representa um problema de elevada gravidade clínica.

Nos pacientes que possuem como causa do problema uma doença neurológica (lesão medular, esclerose múltipla, mielites de diversas causas, acidente vascular cerebral, Parkinson etc), além dos problemas citados, existe o risco de apresentarem infecções urinárias e mesmo lesão dos rins em virtude das elevadas pressões vesicais que podem ocorrer nestes pacientes por causa da bexiga hiperativa.

A bexiga hiperativa pode ocorrer sem uma causa aparente ou associar-se a doenças neurológicas. A prevalência da bexiga hiperativa idiopática (não associada a um problema neurológico) aumenta com a idade. Assim, apenas 5% da população na faixa etária dos 40-45 anos apresenta este problema, aumentando progressivamente de forma a acometer mais de 30% da população com idade superior a 70 anos. Homens e mulheres são igualmente acometidos pela bexiga hiperativa.

Nos pacientes com doenças neurológicas, a chance de apresentar sintomas de bexiga hiperativa é ainda maior. Estudos demonstraram que cerca de 80% dos pacientes vítimas de trauma raquimedular apresentam o problema. As taxas para os portadores de esclerose múltipla variam de 60 a 70%. Entre os portadores de doença de Parkinson, 30 a 60% apresentam sintomas de bexiga hiperativa. Várias outras doenças neurológicas como os acidentes vasculares cerebrais, mielites diversas e doenças vasculares ou degenerativas do sistema nervoso podem também associar-se à bexiga hiperativa.

Embora tenha elevada prevalência e grande importância clínica, a bexiga hiperativa permanece subreportada. Em um estudo realizado no Brasil, menos de 30% dos pacientes com o problema discutiu o assunto com um médico. Os pacientes permanecem relutantes em discutir o assunto com médicos ou familiares por constrangimento ou por acreditarem que faz parte do envelhecimento normal. Para agravar a situação, muitos médicos desconhecem a relevância do problema e as alternativas de tratamento, levando-os a não investigar ou orientar seus pacientes.

A grande maioria dos pacientes com sintomas de bexiga hiperativa pode ser tratada com sucesso. A investigação baseada na história clínica, exames de urina, ultra-som e exame urodinâmico visa a confirmar o diagnóstico e afastar a possibilidade de outros problemas como infecções urinárias, litíase, tumores e doenças da próstata (nos homens).

Feito o diagnóstico, o tratamento é quase sempre conservador, baseado em medidas comportamentais e tratamento farmacológico. Embora estas medidas possam ser suficientes em muitos pacientes, uma porcentagem significativa dos pacientes permanece com os sintomas inalterados. Para piorar, muitos podem não tolerar os efeitos colaterais dos medicamentos anticolinérgicos, usados para tratar o problema. Nestas circunstâncias, caracteriza-se a refratariedade ao tratamento clínico. É para estes pacientes que a injeção da toxina botulínica representou um grande avanço terapêutico, proporcionando taxas de sucesso ao redor de 70-90%.

assinatura_rodape_contato