A curvatura peniana ou doença de Peyronie é caracterizada pelo surgimento de uma área de cicatriz ou fibrose no corpo cavernoso do pênis. O paciente geralmente apresenta um nódulo ou uma placa fibrótica e inelástica no pênis, que pode causar curvatura peniana quando ocorre ereção. Em geral, a doença de Peyronie ocorre entre os 40 e 60 anos, afetando cerca de 1% dos homens.
Na fase inicial da formação da placa de fibrose pode haver dor no local da placa, geralmente no momento da ereção, e a curvatura peniana pode progredir e acentuar-se. A fase seguinte corresponde à estabilização da deformidade peniana (a curvatura não aumenta nem diminui), com desaparecimento das dores à ereção. Em alguns casos, a fibrose do corpo cavernoso pode determinar o encurtamento do pênis.
A causa da doença de Peyronie não é bem conhecida. Acredita-se que pequenos traumas no pênis, associados à atividade sexual, possam levar a um processo inflamatório local que posteriormente evolui com cicatrização exagerada, determinando a formação de placa cicatricial inelástica.
O tratamento da doença de Peyronie depende de vários fatores. Na fase inicial da doença, geralmente são usados tratamentos medicamentosos. Inúmeros agentes farmacológicos têm sido usados no tratamento desta doença, com resultados controversos. Entre os medicamentos mais prescritos incluem-se a vitamina E, Potaba (aminobenzoato de potássio), tamoxifeno, colchicina e corticóides. A injeção de medicamentos diretamente sobre a placa/nódulo de fibrose também foi utilizada por alguns urologistas. Os estudos médicos com estes agentes e as medicações de uso oral no tratamento da doença de Peyronie são escassos e não permitem conclusões definitivas a respeito da sua eficácia e segurança.
Uma vez que a doença atinja a fase de estabilização (caracterizada por ausência de dor e estabilização do grau de curvatura peniana por vários meses), o paciente deve ser avaliado quanto à necessidade de tratamento cirúrgico. A presença de placa/nódulo no pênis ou deformidades penianas que não atrapalham as relações sexuais não constituem indicação para a cirurgia. Nos casos de grande curvatura, que impede ou atrapalha significativamente a penetração, a cirurgia pode ser necessária. A avaliação dos pacientes geralmente inclui o exame físico para caracterização da placa de fibrose, a história clínica sexual e avaliação da qualidade da ereção e grau de curvatura. De acordo com o grau de curvatura, presença de disfunção erétil associada e o grau de encurtamento peniano, diferentes técnicas cirúrgicas podem ser empregadas. A cirurgia tem como principal objetivo a correção da curvatura peniana, mas pode associar-se ao implante de prótese peniana nos pacientes com disfunção erétil severa associada.