INTRODUÇÃO REABILITAÇÃO DOS MÚSCULOS PÉLVICOS

 em Clínica Urológica, Dicas de Saúde, Dr Cristiano Gomes, Problemas Urinários, Urologia, Urologista

A musculatura do assoalho pélvico exerce um papel muito importante no controle da micção. Nas mulheres, esta musculatura é responsável por sustentar os órgãos pélvicos e quando enfraquecida, predispõe ao prolapso (descida) destes órgãos e à condição denominada “bexiga caída”. Nos homens, a musculatura pélvica que envolve a uretra é especialmente importante nos pacientes submetidos a cirurgia prostática e que se tornam incontinentes. Nestes pacientes, o fortalecimento desta musculatura pode ajudar a recuperar o controle da continência urinária.
Além disso, a musculatura pélvica possui ligações nervosas com a bexiga que podem ser exercitadas de forma a promover um melhor controle sobre a mesma tanto em homens como em mulheres. Desta forma, variadas modalidades de treinamento e reabilitação do assoalho e musculatura pélvica foram desenvolvidos para atuar nestes dois importantes aspectos.

Exercícios de Kegel
O Dr. Arnold Kegel foi o primeiro médico a utilizar de forma científica os exercícios de fortalecimento dos músculos pélvicos para melhorar o controle da continência urinária, ensinando suas pacientes a fortalecer os músculos que oferecem suporte à bexiga e outros órgãos pélvicos. Em mulheres, estes músculos são freqüentemente lesados durante o parto vaginal e perdem ainda mais força na medida em que os níveis hormonais se reduzem na menopausa. Ao contrário de outros músculos do corpo, os músculos do assoalho pélvico não movem um membro ou uma articulação. Por este motivo, freqüentemente nos esquecemos deles e nada fazemos para manter sua vitalidade. O Dr. Kegel percebeu este fato e desenvolveu exercícios para fortalecer esta musculatura. Os exercícios de Kegel têm sido empregados desde então como uma boa alternativa de tratamento para diferentes tipos de incontinência urinária.

Biofeedback
Embora os exercícios de Kegel sejam uma boa alternativa de tratamento para diferentes tipos de incontinência urinária, seus resultados geralmente podem ser melhorados com o auxílio de aparelhos de biofeedback. Muitas mulheres não conseguem isolar e contrair adequadamente os músculos pélvicos quando solicitadas e por isso não se beneficiam dos exercícios pélvicos. O primeiro passo para praticar estes exercícios é aprender corretamente os músculos que devem ser contraídos e aqueles que devem ser relaxados. O biofeedback é uma ferramenta importante para permitir este aprendizado. Atualmente existem equipamentos computadorizados de biofeedback que permitem fortalecer eficientemente a musculatura do assoalho pélvico através de exercícios monitorizados. Através de programas de contração e relaxamento dos músculos pélvicos estes tornam-se mais fortes e eficientes, melhorando o controle vesical.

O tipo de biofeedback mais utilizado para o tratamento de incontinência urinária utiliza a eletromiografia. Todos os músculos do corpo apresentam uma atividade elétrica que aumenta na medida em que o músculo se contrai. A eletromiografia mede a atividade elétrica de diferentes músculos e permite que o paciente reconheça quando um determinado músculo está relaxado e quando ele contrai. Para pessoas com incontinência urinária isto pode ser utilizado para planejar um programa individualizado de exercícios para fortalecer os músculos que controlam a continência urinária.

Como o Biofeedback funciona?
O biofeedback mede a atividade elétrica dos músculos pélvicos através de pequenos eletrodos colocados em contato com estes músculos. Em mulheres isto é feito de forma conveniente e confortável através da colocação de um pequeno sensor semelhante a um tampão vaginal na vagina. Em homens e mulheres com abertura vaginal muito estreita pode-se utilizar diminutos sensores colocados dentro do ânus. A maioria dos pacientes pode colocar o sensor sem necessidade de ajuda profissional. Há ainda outros tipos de sensores iguais aos utilizados para a realização de exame eletrocardiográfico (fitas adesivas com um pequeno sensor metálico). Os sensores são conectados a um aparelho e transmitem as informações para um monitor de computador onde o paciente acompanha as mudanças de atividade dos músculos quando os mesmos contraem ou relaxam.

Quando estas mudanças ocorrem, os pacientes percebem a localização e importância dos músculos pélvicos. No caso de pacientes com enfraquecimento dos músculos pélvicos como ocorre na incontinência urinária aos esforços em mulheres ou após cirurgias prostáticas em homens, podemos ensiná-los como e quando contrair corretamente estes músculos para impedir a perda de urina durante esforços como tosse, espirro, risadas e outras atividades. Na medida em que os músculos se fortalecem com os exercícios os pacientes tornam-se mais seguros e confiantes com os resultados alcançados. Para pacientes com urge-incontinência, a estratégia de tratamento consiste em instruí-los a usar a contração dos músculos pélvicos para inibir a sensação de urgência e permitir que a paciente possa dirigir-se calmamente ao banheiro.

Quando aplicado por profissionais experientes o biofeedback é um método eficiente de tratamento da incontinência urinária de esforço e da urge-incontinência. Pode ser associado a medicamentos e outros tipos de tratamento de incontinência urinária como medidas de treinamento vesical e modificações da alimentação. Mesmo quando uma cirurgia é necessária, os exercícios de biofeedback podem ser realizados antes ou depois da cirurgia para melhorar seus resultados. O biofeedback auxilia os pacientes a ganhar controle sobre seu próprio corpo e não há efeitos colaterais conhecidos com esta técnica.

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